O romance acompanha Hermes Sussumuku, um homem que, após uma experiência quase mística, começa a viver sete sonhos — cada um representando uma metamorfose, tanto pessoal quanto coletiva. Esses sonhos o conduzem a uma jornada simbólica em que o riso, a memória, o poder e a identidade do povo angolano se entrelaçam num jogo entre o real e o onírico. A narrativa mistura fábula, crítica social e reflexão filosófica, criando um universo em que o elefante surge como metáfora da memória ancestral e da força espiritual de África. A cada metamorfose, Hermes revisita aspectos da história recente do país: a colonização, a guerra, a corrupção, o desencanto pós-independência e o desafio de reconstruir a esperança coletiva. O autor utiliza um estilo poético e simbólico, alternando momentos de ironia e lirismo. O “riso” — transformado em “surriso”, uma epidemia que contamina as pessoas — é um dos eixos da narrativa: representa tanto a resistência diante da dor quanto o esvaziamento do sentido nas sociedades modernas. Em meio a essas transformações, Hermes tenta compreender o papel do indivíduo diante de uma nação fragmentada, oscilando entre a lucidez e a loucura, entre o sonho e a realidade. Assim, Mendonça constrói uma alegoria sobre o destino de Angola e de toda a humanidade — um retrato das metamorfoses do homem e do poder.
Número de localização: 896 M495m 2025 (Biblioteca POA)
